A Malandragem dos Besouros.
Na mata para as bandas da Carauçanga, dois besouros conversavam e pensavam em como conseguiriam comida, já que naquele dia ainda não haviam se alimentado.
- Ei, macho réio, estou com fome, ó! – reclamou um deles, passando a mão na barriga.
- Pera aí, cara! Deixa eu pensar como vamo resolver essa situação- respondeu o outro, ensimesmado.
- Pois pensa logo! Estou em tempo de comer essas folhas amargas. O gosto não é bom, mas pra quem tá com fome resolve... – falou, já conformado com o alimento que arrumara.
- Ei, macho, deixa essa porcaria pra lá! Estou vendo um formigueiro ali na frente, só resta saber o cheiro com que se reconhecem...
Com muito jeito os coleópteros se aproximaram do formigueiro e ficaram esperando à espreita de uma operária. Ao avistarem uma cortadeira chegando, abordaram-na.
- Olá, amiga Formiga, queremos cumprimentá-la! A senhora ganhou um prêmio valioso: um galho de aceroleira, material raro aqui na mata. A formiga, encantada com sua recompensa, que poderia render um fungo saboroso para comer, parou e se deixou abraçar pelos dois besouros. Como ela estava suada, eles pegaram-lhe o cheiro na roupa.
- Pronto, agora podemos comer à vontade! Vamos ser servidos como reis... É só esperar! Comer até arrebentar a barriga, é isso que vai acontecer quando passarmos pela sentinela na entrada do formigueiro. Ao encontrarem com o soldado, que lhes pediu a credencial, deixou que este passasse as antenas neles. Como estavam impregnados com o cheiro da operária em sua roupa, receberam o salvo-conduto. Foi o suficiente para adentrarem no interior das galerias do recinto e, ao verem uma operária passar com o bucho cheio, pediram comida. Esta estava apressada para atender a um pedido da rainha, mas, diante do cheiro da irmã, serviu aos besouros uma generosa dose de comida, um fungo saboroso que alimentava toda a colônia. Quando perceberam que o cheiro da operária que abordaram estava passando rapidamente voltaram à entrada do formigueiro, pois se ficassem lá dentro seriam trucidados. Mas conseguiram sair a fim de abraçarem outra operária com mesmo cheiro e assim voltarem a se alimentar. Depois que descobriram a facilidade, sempre que sentiam fome, repetiam o procedimento e matavam sua necessidade.
MORAL: Só trabalha duro, quem não tem o que comer nem de onde tirar.
Moysés Severo
Enviado por Moysés Severo em 04/07/2013